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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ronaldinho, Jonas e o amor à camisa

*Por Flávio Fachel, de Nova Iorque, especial para o iLan House

Os dois já estiveram no topo.

Ronaldinho, como melhor do mundo. Jonas, como o pior do planeta.

Do primeiro, resta pouco a dizer: para boa parte da torcida tricolor, trata-se agora de “persona non grata” no Olímpico, pelo papelão que armou com o irmão na negociação para a volta ao Brasil.

Os gremistas sabem exatamente o que aconteceu naquele sábado e é o que nos basta.

Já Jonas, é um caso raro no futebol mundial. De uma hora para outra, desembestou a marcar gols que, antes, desperdiçava com uma facilidade angustiante. Por vezes, infantil.

Não foi à toa que o jogador recebeu de um jornal espanhol o título de “pior atacante do mundo” ao perder três vezes seguidas, numa mesma jogada, um gol feito. Foi no dia 11 de março de 2009, contra o Boyacá Chicó pela Libertadores. Pelo menos, vencemos aquela partida.

Decidido a apagar essa marca, o atacante passou a treinar finalizações. Passou a acertar mais, mas continuava a errar vários gols para marcar um.

No ano passado, Jonas ganhou de presente um esquema tático que o pôs na cara do gol. Com Renato Portaluppi, passou a empilhar gols numa velocidade surpreendente.

Não tenho uma estatística que me mostre como os 78 gols pelo Grêmio foram marcados. Lembro bem mais dos gols de “bate-rebate” e dos gols de pênalti do que dos gols onde o atacante deveria bater de modo fulminante ou deixar zagueiros e goleiro tortos enquanto a bola seguia para o gol vazio.

É essa a lembrança que se propaga entre quem, como eu, sempre considerou o goleador do último brasileirão como um jogador não mais do que médio. Sempre faltou em Jonas a alma do craque.

Quem me segue no twitter em @flaviofachel sabe disso: nunca deixei de criticá-lo ao acompanhar os jogos do Grêmio. Portanto, não se trata de corneta de última hora.

O craque mesmo, esse apareceu bem direitinho na hora de renovar um contrato já construído para ser quebrado. Jonas queria um salário milionário que o Grêmio, na minha opinião, não deveria nunca ter oferecido ao jogador. A exigência de multa baixa no contrato em vigor já era um prenúncio do que ele desejava.

Na semana anterior ao jogo contra o São José, as negociações para a renovação ferveram. Jonas dizia que ia “lutar muito” pra ficar no Grêmio. Mas o tal “esforço” durou pouco mais de 8 dias.

Ao ser vaiado mais uma vez por perder gols feitos, Jonas marcou um e foi até a arquibancada mandar os torcedores gremistas calarem a boca.



“Como assim?”, perguntaria Eurico Lara se estivesse vivo.

Mas já não vivemos naquela época.

Olhando o desenrolar da história, é fácil perceber que Jonas já sabia que iria embora do Grêmio.

Ontem, avisou ao clube que o Valência pagou a multa irrisória que ele próprio exigiu ter em seu contrato e abandonou o time a dois dias da estréia na Libertadores.

“Mestre” Jonas ganhou apelido e até um trapo na Geral do Grêmio (aqueles bandeirões com os rostos de ídolos do imortal tricolor). Acabou aplicando um golpe de “mestre” no clube onde viveu relação de amor e ódio com a torcida.

Desconfio que o trapo de Jonas já vai sumir das arquibancadas, do mesmo jeito que o atacante se foi: saindo de cena pela porta dos fundos.
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*Flavio Fachel, 45 anos (foto), é gaúcho de Porto Alegre e fanático pelo Grêmio. Jornalista desde 1991, foi repórter especial da TV Globo por 10 anos, antes de se tornar correspondente internacional da emissora em Nova Iorque, onde está desde o ano passado.


Fonte: Blog Ilan House, no Globoesporte.com


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