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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Indignados, mais de 40 mil bicolores suspeitam que Papão “entregou” jogo para o Internacional



O cenário remetia ao ano de 1999. O Mangueirão foi palco de um novo drama com os mesmos artistas. Naquele ano o time bicolor amargava uma queda para a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro. Sob uma chuva de protestos e confrontos com a Polícia Militar, a mesma Fiel que apoiou a equipe durante toda a competição entrou em colisão contra a diretoria e jogadores.

Ontem, o clube não corria o mesmo risco - de rebaixamento -, mas a cobrança - de mais de 40 mil torcedores - veio na mesma proporção, depois da inesperada derrota por 2 a 0 para o Internacional. Após um primeiro semestre de vitórias, a conquista - a duras penas - da permanência na Primeira Divisão em 2003, a torcida havia preparado a festa para um encerramento em alto estilo no Mangueirão, mas a sua perspectiva não só foi frustrada como acirrou ainda mais a suspeita, dos torcedores, de que o time poderia ter feito corpo mole, fundamentando ainda mais os rumores propalados desde sexta-feira, na Curuzu, de acordo com os torcedores bicolores. A Fiel não demorou para eleger um culpado: Arthur Tourinho, presidente do Paysandu, que foi hostilizado por centenas de torcedores que o aguardavam na saída dos vestiários.


O tumulto foi contornado pela PM, mas a delegação bicolor demorou cerca de duas horas e meia para deixar o Mangueirão, que também sofreu com o protesto dos torcedores. As letras que compunham o nome do estádio foram arrancadas e atiradas contra as portas de vidro que dão acesso ao saguão. Uma despedida melancólica.

“Fui enganado e quero meu dinheiro de volta. Nunca vi o Paysandu jogar assim”. As palavras do torcedor Luciano Lima Seixas foram a queixa mais freqüente das pessoas que desciam, indignadas, as rampas de acesso às arquibancadas do Mangueirão. Enquanto o Paysandu perdia por 2 a 0 no campo, confusões e brigas começavam a se formar nas arquibancadas. Nem o presidente do Paysandu, Artur Tourinho, escapou do assédio dos torcedores na tribuna. Ao som de “mercenário e vendido”, ofenderam Tourinho com palavrões e acusações como as de que ele teria vendido a partida para o Internacional.


As críticas, que começaram com o primeiro gol, aos 13 minutos do segundo tempo, ganharam força com o segundo gol do time colorado, três minutos depois. O gol parece ter reforçado a impressão da torcida. Depois da cobrança de falta de Fernando Baiano, que resvalou na barreira e entrou no canto esquerdo do gol de Róbson, o público começou a gritar em coro que a partida tinha sido vendida para o time gaúcho ao preço de R$ 1 milhão. “Marmelada, falta de respeito”, protestou José Rufino Silva, que veio de Barcarena só para o jogo.


O segundo gol pareceu tão estranho para Antônio Pereira Tefé, que ele perguntava a um torcedor ao lado: “Foi gol, foi gol? Como? A bola entrou? Não pode, isso é esquema. A revolta da torcida era tão grande, que ela passou a atirar objetos no campo, a ponto de conseguir furar um dos túneis infláveis de acesso aos vestiários.


Diante da atuação do Paysandu e do resultado do jogo, os torcedores começaram a deixar o campo ainda aos 10 minutos do segundo tempo. “Eu nunca vi o Paysandu assim. Ainda bem que eu não paguei mais R$ 5 para ficar na cadeira”, desabafou Ricardo Leite. No final da partida, o Internacional saiu aplaudido de campo.


A “Terror Bicolor”, a maior torcida organizada do Paysandu, com cerca de 5 mil componentes, liderou os protestos no Mangueirão ontem à tarde. Ontem, centenas de integrantes da torcida invadiram o estacionamento do estádio para gritar e xingar diretoria e jogadores do Paysandu, após a derrota para o Internacional por 2 a 0. De acordo com Rogério Monteiro, um dos componentes da Terror, desde sexta-feira a torcida tomou conhecimento dos rumores sobre a possível “venda” do jogo à diretoria do clube colorado. “Soubemos disso e pedimos até uma reunião com a diretoria do Paysandu e com os jogadores, mas eles não nos atenderam”, disse Rogério.



Publicado em O Liberal de Belém do Pará de 18 de novembro de 2002

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