Provado: o Grêmio tem cara
Agora vou provar de forma incontestável que um clube tem cara, sim. Que o Grêmio tem cara. Ou tinha. Vou me valer da matemática. Números gelados, porém insofismáveis. É simples: o Grêmio é um dos times que mais perde fora de casa, no Campeonato; e um dos que mais ganha dentro. Por quê?
Um time perder bastante é normal: basta que seja ruim. Um time ganhar bastante também é normal: basta que seja bom. Mas um time que perde bastante fora de casa e ganha bastante dentro não é normal. É estranho.
Então, repetindo: por que isso acontece com o Grêmio?
Será que a fada Sininho despejou pó de pirlimpimpim sobre o Olímpico e a mágica faz o Grêmio vencer em seu estádio? Será que Souza e Tcheco só sabem jogar olhando para o cemitério? Ou o gramado do Olímpico tem cocurutos que só os jogadores do Grêmio conhecem e sabem como usá-los para vencer?
Obviamente que não é nada disso.
A diferença é a torcida. Mas o que tem a torcida que faz o Grêmio jogar? Algum canto de encantamento? Alguma faixa que, ao lê-las, os jogadores sentem a eletricidade do futebol lhes percorrer a espinha? Não! É que a torcida exige dos jogadores do Grêmio o espírito do Grêmio. Eles têm que jogar como a torcida espera que joguem. Aí, o Grêmio tem a cara do Grêmio.
Longe do Olímpico não existe essa cobrança. Longe do Olímpico, o Grêmio é esse Grêmio molenga, racional, desapaixonado, que não é assim só por causa do técnico, não. É assim porque essa é a cara dos inquilinos do Grêmio em 2009. Não quer dizer que a cara deles seja menos bela do que qualquer outra cara. Só quer dizer que não é a cara do Grêmio.
Texto de David Coimbra Publicado na página 57 de Zero Hora
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