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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Entrevista com Carlos Eduardo



Parte da força financeira que o Grêmio mostra atualmente se deve a ter cortado a própria carne.

Para se livrar de dívidas e fazer novos investimentos, a direção do clube gaúcho vendeu uma grande revelação.

Muitos jornalistas de Porto Alegre o consideram a melhor descoberta da base depois de Ronaldinho Gaúcho.

Mas em 2007, o Grêmio não teve como dizer não aos mais de R$ 24 milhões oferecidos pelo Hoffenheim, clube da Segunda Divisão Alemã.

E para lá partiu Carlos Eduardo...

Com apenas 19 anos, o futebol brasileiro mal teve tempo de conhecê-lo.

Em dois anos, ele já conseguiu se destacar na Alemanha.

Ganhou prêmio de melhor driblador do país.

Seu time subiu para a Primeira Divisão.

E terminou o primeiro turno alemão em primeiro em 2009.

Por falta de elenco não conseguiu suportar o ritmo e fechou o campeonato em sétimo.

Mas Carlos Eduardo não deve acompanhar o que acontecerá com o Hoffenheim.

Tem duas propostas.

A primeira é do campeão alemão, o Wolfsburg.

A outra é do popular Shalke 04.

Sonhando com Seleção Brasileira e clubes mais fortes, Carlos Eduardo falou ao blog.



Carlos Eduardo, valeu a pena ter saído para um clube da Segunda Divisão Alemã?

Olha, eu não tive opção.

O Grêmio estava passando por uma grande dificuldade financeira.

Os dirigentes me disseram que não tinham como dizer não.

Falaram que gostaria que eu ficasse no clube, mas não tinha jeito.

O que eu poderia fazer?

O dinheiro que os alemães me ofereceram também foi muito bom.

Sentia que tinha potencial para jogar na Europa.

Só que fui muito mais cedo do que esperava.



O futebol brasileiro mal o conheceu...

É verdade. Eu fiquei apenas setes meses como profissional.

Não deu tempo nem para fazer um dos maiores sonhos da minha vida.

Queria disputar um Grenal.

Mas já me venderam.

Foi uma situação bem parecida com a do Pato.

Ele também nunca jogou um Grenal.

Foi uma pena para mim, que desde os 14 anos jogava no Grêmio.

Sempre esperei por esse jogo.

Vejo os colorados até hoje como rivais, inimigos mesmo.

Nunca, de jeito nenhum, jogaria por eles.

Até por respeito ao amor da minha família, do meu pai ao Grêmio.



Você surgiu no profissional com o Mano Menezes. Qual a importância dele na sua carreira?

Muita. Quando subi para os profissonais, tinha moral nos juniores.

Era sempre convocado pela Seleção Brasileira de base.

Mas logo nos primeiros treinos, os jogadores mais velhos passaram a me xingar.

Era palavrão de todo lado.

Tudo era desculpa para me xingar.

Por não marcar, por não fazer falta.

Principalmente o Tcheco.

Eu, menino de tudo, me senti muito mal com aquele tratamento.

O Mano Menezes percebeu e chamou todo o time no vestiário.

E foi claro.

Olhando para os que mais me xingava, avisou:

"Daqui por diante quem fala com o menino sou eu.

Vocês estão proibidos de xingá-lo, cobrá-lo. Deixa comigo."

E foi assim que o Mano fez.

O time passou a me respeitar e eu pude jogar o que sei.

Mas não tive moleza, não.

O Mano Menezes foi duro.

Entendi desde o início que ele queria o meu bem e o bem do time.

Por isso, quero dar um conselho ao Lulinha.

Vi que o Mano deu uma grande bronca nele contra o Santos.

O Lulinha tem de ficar calmo e pensar no que o Mano fala.

O que ele cobra. Será muito bom no futuro.

Eu sou a prova disso.

Dói na hora, mas depois será muito útil.



A opinião aqui no Brasil em relação ao Campeonato Alemão. O nível é bom ou não?

Olha...O nível melhorou muito.

Sinto que além de jogar duro, os alemães estão prestando mais atenção à técnica.

Tenho certeza que é a influência dos muitos estrangeiros que atuam por lá.

As partidas estão sendo cada vez mais bem jogadas.

Está sendo muito útil para mim estar atuando lá.

Sinto que aprendo a cada dia.

Vou amadurecendo e tendo a esperança de ser lembrado pela Seleção Brasileira.



Como você encara o Hoffenheim?

Como um grande clube para dar base à minha carreira.

Antes de ir para lá, tive propostas do Porto e do Benfica.

Eu e o meu empresário Jorge Machado decidimos pelo Hoffenheim.

Sabíamos que a adaptação seria mais sofrida, mas depois o caminho seria bem melhor.

E é o que está acontecendo.

Tenho propostas do Wolfsburg, campeão alemão.

A chance de disputar a Champions League.

E de um dos clubes mais populares da Alemanha, o Shalke 04.

Não devo continuar no Hoffenheim, não.



A diretoria do São Paulo já pensou em repatriá-lo. Não dá vontade de voltar?

Olha, vou ser sincero.

O São Paulo é um dos melhores clubes do mundo.

Mas a minha carreira já está toda planejada.

Tenho 21 anos.

Se eu voltar para o Brasil agora estarei dando um passo atrás.

Os clubes grandes europeus desconfiam de jogadores brasileiros que voltam ao País.

Minha carreira foi estudada por mim, pelo meu empresário Jorge Machado e uma empresa alemã.

Depois do Hoffeinhem, vou buscar uma equipe mais forte alemã.

E depois um clube grande na Espanha ou Itália.

Sei o que quero e onde posso chegar.

Brasil só muito mais tarde.

E para jogar no Grêmio, meu time do coração.

No Internacional, jamais.



Ver o Grêmio atual tão forte dá orgulho?

Dá sim.

Ainda mais sabendo que eu dei uma ajudazinha.

O dinheiro que a minha venda rendeu ajudou a reestruturar o clube.

Foi triste sair tão cedo, mas foi bom para todos os lados...


BLOG DO COSME RÍMOLI

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