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sábado, 23 de maio de 2009

Reportagem da ZH sobre Paulo Autuori

A fala pausada reflete a personalidade de Paulo Autuori. A partir deste domingo, contra o Botafogo, os torcedores do Grêmio não enxergarão, à beira do gramado, um treinador de gestos largos, que trata os jogadores aos gritos. Nem mesmo se o time estiver perdendo o jogo.


Autuori desaprova o estilo espalhafatoso. Quase censura quem age dessa forma. Ilustra seu pensamento citando os ex-treinadores Ênio Andrade, Rubens Minelli e Elba de Pádua Lima, o Tim, “que mal saíam da casamata e, nem por isso, deixaram de ser vencedores na carreira”.



– Não sou locutor de rádio para ficar na beira do campo mandando o cara fazer isso ou aquilo. Se agir assim, é porque não fiz bem meu trabalho no dia a dia. Tudo o que se vê no gramado é reflexo da semana – acredita o técnico, sem esconder que precisou vencer preconceitos para impor seu estilo.


Um de seus orgulhos profissionais é a coerência. Sábado, ao escutar trechos de uma entrevista concedida em 1999 a Paulo Roberto Falcão, na Rádio Gaúcha, constatou que suas ideias básicas sobre futebol não foram alteradas.


– Na época, falei a ele as mesmas coisas que falo hoje. Ou seja, são conceitos – diz.


Trabalhar no Brasil representa uma quebra de rotina na carreira de Autuori. Técnico desde 1987, passou apenas três anos e meio no país. Ficou por 11 anos e meio em Portugal, quatro no Peru, um no Japão e dois no Catar. Também é a primeira vez que assina contrato por duas temporadas com um clube.



No Grêmio, pretende fixar o esquema 4-4-2, com o qual sagrou-se campeão brasileiro pelo Botafogo, em 1995, e da Libertadores, pelo Cruzeiro, dois anos mais tarde. A troca de sistema tático, contudo, não será imediata. Sob a alegação de que seria “imprudente” mudar agora, Autuori fará, no máximo, alguns ajustes. Quer, por exemplo, melhorar o posicionamento dos alas Ruy e Fábio Santos. Não será surpresa se, em pouco tempo, o técnico improvisar zagueiros na função, a exemplo do que faz Tite, com Bolívar, no Inter.



Preocupado com a falta de especialistas pelos lados do campo, Autuori é favorável a que a base dos clubes realize um trabalho específico para formação de laterais e meias.



– Ala não é carne, nem é peixe – critica.


Sua chegada ao Olímpico representa, também, uma nova chance para Douglas Costa, 18 anos. Destaque nos treinamentos da semana, o meia pode ser uma solução caseira para os problemas de falta de criatividade do Grêmio. Autuori aposta na formação. Entende que, por vezes, um jogador vindo de fora “tapa” um talento da base. Dentro dessa linha, também promete observar o lateral-direito Saimon e o volante Maylson.


– Douglas Costa tem talento, grande qualidade técnica, bom último passe e chuta bem à meia distância. Além de mobilidade, o que considero essencial no futebol. Só precisa crescer taticamente. O que virá com os treinamentos – confia, com a experiência de quem contribuiu para que Giovani, Fábio Jr. e Alex Mineiro se firmassem no Cruzeiro, Iranildo, no Botafogo, e Juan, no Flamengo.



Quem chegar de fora precisará se adaptar ao estilo do Grêmio. “Reto, efetivo, aguerrido”, nas palavras de Autuori. Ele pretende envolver-se no tema, sendo rigoroso no preenchimento desse perfil.



– Às vezes, há nomes maravilhosos, mas que não se encaixam no padrão histórico do clube. O chamado melancólico não virá – avisa.



Fonte: Zero Hora, 24 de Maio de 2009.

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